E não tem nada a ver com espiritualidade ou religião.
Começando pragmaticamente, cientificamente, logicamente: para resolver um problema, é preciso equacioná-lo. Ou seja, é preciso se fazer uma leitura desapaixonada e tão completa quanto possível da situação.
Infelizmente, o que temos no mundo hoje é muita polarização, muitas posições rígidas, combativas e acaloradas. Não faltam exemplos. No Brasil, as últimas eleições e o início do novo governo. Nos EUA, Republicanos x Democratas. A China. O Oriente Médio. A África. O Brexit. As eleições europeias. Famílias que brigam, amizades que se desfazem. A civilidade abre espaço para a intolerância e a violência – claro, cada lado da polarização acusa o outro dessa postura, enquanto vê a si mesmo como o paladino da verdade, da moral, do bem, do belo, da justiça.
Está faltando a capacidade de olhar para a realidade como ela realmente é, ou pelo menos com maior consciência dos filtros e vieses.
Quando se fala de desapego das paixões mundanas, é isso. Ter consciência dos nossos vieses, de como olhar a realidade através deles dispara nossas emoções, de como nossas emoções alimentam nossos pensamentos, de como nossos pensamentos e emoções dirigem nossas ações.
Quando se fala em meditação, é isso. Ser capaz de observar, sem reagir, suas ações, seus pensamentos, suas emoções, seus vieses.
Quando se fala em não-violência e “somos todos um”, é isso. É ter consciência de que somos indivíduos, mas também somos coletivos. Nenhum ser humano sobrevive ou prospera sozinho – fazemos parte de grupos e sociedades. Atacar o outro é atacar a sociedade, o que em última instância é atacar a si mesmo. É como o câncer para o corpo: células destruindo células destruindo o corpo, destruindo a vida.
O caminho não é fácil nem rápido, mas é simples: pare; respire; observe; perdoe; tenha compaixão; siga em frente.
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